Rádio Rhema Online

terça-feira, 25 de setembro de 2007

RESPOSTA AO COMENTÁRIO DO LEITOR MIRON (M.A.B.O.)

A Paz do Senhor caro Miron.

Gostaria de parabenizá-lo pela coragem de tratar abertamente de um caso tão complexo quanto o seu – embora preservando sua identidade, o que é um direito que lhe assiste por conta da intimidade, conforme previsão Constitucional (art.5º, CF/88). Sua iniciativa é realmente louvável e certamente servirá de estímulo a outros cristãos em igual situação a buscarem auxílio junto a seus pastores.

Agradeço a confiança que a nós é depositada, embora não tenhamos alcançado ainda a graça do ministério pastoral.

Espero que naquilo em que não pudermos auxiliá-lo, outros de maior gabarito e qualificação possam nos ajudar com novas postagens.

Muito bem Miron, antes de nos posicionarmos em relação aos problemas que você tem sofrido, desde a infância até os dias atuais, e não obstante o fato de você pertencer a uma família cristã, temos que, primeiramente, recorrer às sagradas escrituras a fim de nos orientarmos de qual sejam as recomendações e padrões divinos em relação à sexualidade humana. Para isso listamos alguns tópicos e versículos bíblicos correspondentes:

Quanto ao gênero: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.” (Gn. 1:27);

Quanto à função social: “E disse o Senhor Deus: Não é bom que homem esteja só; far-lhe-ei uma adjuntora (companheira) para que esteja de junto dele.” (Gn. 2:18);

Quanto à afetividade para conjunção carnal: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne.” (Gn. 2:24);

Quanto à função sexual: “E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra...” (Gn. 1:28);
“E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu...” (Gn. 4:1).

Poderíamos listar algumas centenas de versículos correlatos, mas vamos ficar com esses por enquanto.

Inicialmente entendemos que, embora sendo Deus um ser assexuado, ou seja, desprovido de sexualidade, ou da necessidade de se relacionar de forma carnal ou sexual, ou de procriar, posto ser Espiritual (“Deus é Espírito...” Jo. 4:24), formou o homem dotado de tais sentimentos e funções fisiológicas e biológicas com fins específicos.

Ao prover o homem de tais sentidos, estabeleceu critérios a serem observados, os quais estão intrinsecamente relacionados à Sua Natureza, dentre os quais a Santidade: “Portanto, santificai-vos, e sede santo, por que Eu sou o Senhor vosso Deus.” (Lv. 20:7); “Mas como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; pois está escrito: Sede santos, porque Eu sou Santo.” (1Pe. 1:15,16).

É importante ressaltar, que a santidade requerida pelo Senhor diz respeito a todas as áreas da vida humana, desde a infância e juventude até a fase adulta; no casamento, nos negócios, nas atividades comuns do dia-a-dia etc. É nesse sentido que a família cristã deve basear e nortear a criação e a formação de seus filhos, sendo a infância, o período a que se deve o maior cuidado e atenção.

Os fatos ocorridos em sua infância, não são incomuns, e estou certo de que muitos de nós passamos por situações semelhantes.

Nesta fase da vida, é natural que a criança estabeleça com o adulto do mesmo gênero uma relação de aproximação e afinidade que lhe assegure parâmetros para o seu desenvolvimento. Geralmente o menino vê no pai ou no irmão mais velho uma referência com vistas no futuro, enquanto a menina na mãe ou irmã mais velha, sendo o porte físico, um dos maiores referenciais para a criança: os bíceps, o bigode, a barba do pai; os cabelos, a pele macia, os seios da mãe, dentre outros atributos.

Nesse sentido, o fato de termos visto nossos pais ou irmãos nus em nossa infância, não é em si, fator preponderante ou desencadeador para um comportamento desvirtuoso ou pervertido.

Não obstante, a Bíblia recomenda que aquele que teme ao Senhor e observa os seus estatutos deve privar-se de manter de forma ordinária ou corriqueira, contato visual ou através do tato com as intimidades de seus parentes, exceto quando necessários: “não imitando os costumes do Egito, onde habitastes, nem dos habitantes da terra de Canaã, para a qual vos conduzo, nem andareis segundo os seus padrões.” (Lv. 18:3).

Isto porque, com o advento da puberdade e o afloramento das sensações sexuais da juventude, têm-se início o despertamento das concupiscências carnais, as quais conduzem o incauto (em geral aquele que não teve orientação sexual) a um comportamento lascivo, promiscuo, soberbo, hedonista, de auto-satisfação etc. É justamente na adolescência que passamos a sentir o que chamamos de atração sexual.

A grande questão agora é: É natural que essa atração se dê em favor de pessoa do mesmo gênero?.

Bem, como já vimos, era natural a aproximação e o referencial no mesmo gênero ainda na infância. No entanto, aquela era totalmente desprovida de interesse ou conotação sexual.
Já esse desejo sexual (pré-maturo) da adolescência que não provém da inocência infantil, está maculado pelo efeito do pecado na vida do homem.

Administrar esses impulsos e controla-los de forma a agradar a Deus é incumbência da família cristã. Nesse sentido, o Diálogo, a Orientação Sexual Cristã, a Oração Familiar Conjunta, o Culto Doméstico, a Escola Bíblica Dominical, os Cultos de Ensinamento, o Aconselhamento Pastoral, são fundamentais para o desenvolvimento e formação desse adolescente; lembrando que isso deve ocorrer desde a concepção até o fim da vida do cristão, tenha este nascido num lar evangélico ou não: “o que é nascido da carne é carne, mas o que é nascido do Espírito, é espírito.” Jo.3:6.

Independente da inclinação sexual desse indivíduo, seja ela hetero ou homossexual, aquele que não refreia seus impulsos peca contra Deus. Logo, não comete menos ou menor pecado o fornicário, lascivo, promiscuo que inclina seus desejos para o sexo oposto. Pelo contrário, a Bíblia diz que a simples “inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser” (Rm. 8:7). Nesta carta escrita pelo Apóstolo Paulo aos Romanos encontramos lições apropriadas ao tema em questão.

Paulo Inicia sua carta denunciando a prática homossexual tão comum entre os cidadãos romanos, as quais contaminavam a igreja do primeiro século. Paulo diz: “Mudaram a verdade de Deus em mentira...Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. Semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, inflamaram-se em sua sensualidade uns para com os outros, homem com homem, cometendo torpeza, e recebendo em si mesmos a penalidade devida ao seu erro. E, como eles não se importaram em ter conhecimento de Deus, ele os entregou a um sentimento pervertido, para fazerem coisas inconvenientes.” (Rm.1:25-27)

Veja que na referida passagem o Apóstolo não faz menção de nenhum tipo de espírito demoníaco, senão ao próprio desejo carnal do homem, assim como no capítulo 8 do mesmo livro, quando diz que “os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne” (v.5).

Como vencer essa inclinação?

O Apóstolo, pelo Espírito de Deus nos ensina: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Mas se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça...De maneira, que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Pois se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.” (Rm. 8:9-10;12-13).

Já no que diz respeito aos distúrbios hormonais, sabemos que há muitos casos reais que merecem especial atenção, e que a medicina atual já dispõe de tratamentos adequados a cada tipo de caso. Por outro lado, não se deve justificar um comportamento irreverente, inconveniente e anti-bíblico, sob tal pretexto, sabendo que:

“Tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos o favor de Deus, pelo qual sirvamos a Ele agradavelmente com reverência e santo temor.” (Hb. 12:28);
“Se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação.” (1Pe.1:17);
“Se depois de terem escapado das corrupções do mundo, mediante o convencimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro.” (2Pe. 2:20).

Miron, não sei exatamente em qual das situações acima você se encontra. Talvez um trauma de infância o tenha levado a um sentimento de aversão ao sexo oposto, de forma que não lhe atrai a sexualidade feminina; talvez um distúrbio hormonal; talvez a falta de orientação sexual na juventude; talvez um referencial na família que o tenha levado a esse entendimento. Seja como for, esteja certo de que Deus tem imensurável amor por você, e um especial cuidado.

É possível que no passado tenha lhe faltado um pouco mais de atenção, carinho e cuidado, mas o fato de você ter nascido em um berço evangélico já é uma grande benção.

Quanto aos Pastores, tanto da Assembléia de Deus, quanto da Igreja Batista ou da Igreja Internacional da Graça, boa parte deles já estão preparados para o auxílio de pessoas com dificuldades na área sexual, embora não sejam todos.

É importante compreendermos que dada a cultura machista e do conservadorismo dos séculos passados, a simples menção da expressão “sexual” ainda causa calafrios em alguns, ao ponto de não saberem diferenciar os termos “homo” de “hetero”.

Espero em Deus que você encontre respostas nas orientações, nas orações e no estudo das sagradas escrituras. Recomendo a leitura da carta de Paulo aos Romanos e 1ª e 2ª cartas de Pedro. Além disso há excelentes obras sobre o tema, como Vencendo as Guerras Invisíveis (Ed. Vida) e O Dia em que Nasci de Novo (CPAD).

Fique firme e não deixe os caminhos do Senhor por nada.

Conte sempre conosco. Estaremos orando por você.

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Resposta ao Comentário Postado por Miron (M.A.B.O.) para a postagem "PARAÍBAS MASCULINOS, CRENTES MACHOS SIM, SENHOR!"
Leia em:
http://prossigo.blogspot.com/2007/06/parabas-masculinos-crentes-machos-sim.html

1 comentários:

Carlos Roberto, Pr. disse...

Caro Robson!
Muito embora tenha lido o comentário que provocou o presente artigo, infelizmente não foi possível respondê-lo a tempo, no entanto estive orando à esse respeito.
Louvo a Deus pela sua vida, pois em primeira instância o Espírito Santo lhe deu a sabedoria necessária para responder a altura as perguntas do nosso irmão da Paraíba.
Seu artigo merece atenção por parte de todos aqueles que auxiliam pessoas com problemas similares.
Deus te abençoe!

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