A Igreja de Cristo já nasceu tendo em vista a necessidade de um SUBSTITUTO, e o primeiro deles foi o próprio Jesus, ao entregar-se a si mesmo em substituição ao pecador:
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós...” (Gl 3:13a)
“Pois Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.” (1Co 5:7)
Acerca do ministério de João Batista, diz-nos a Bíblia que sendo Jesus e João, ambos já homens, “naqueles dias, apareceu João pregando no deserto da Judéia e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.” (Mt 3:1-2).
Não há registro de que tivesse sido comissionado por Jesus ou qualquer outra pessoa ligada ao seu ministério, senão em cumprimento à profecia de Isaías (40:3): “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.” Por essa razão cremos ter sido o próprio Espírito Santo quem lho revelou e comissionou para aquela Obra.
O ministério de João não se caracterizou apenas por batizar para o arrependimento, vemos que ele também ensinava, exortava e formava vários discípulos, os quais haveriam de substituí-lo na pregação e na anunciação do Reino de Deus. Esse mesmo João, posteriormente, seria entregue à morte por pregar a verdade e combater o pecado. No entanto, seu ministério não desaparece consigo, pelo contrário, alguns de seus alunos se tornaram discípulos de Jesus, como fora o caso de André, irmão de Cefas (Jo 1:40-42) e outros perseveraram na pregação do arrependimento para a salvação.
O próprio Senhor – o MAIOR de todos os MINISTROS e que também fora batizado por João – exerceu seu ministério terreno tendo elegido 12 discípulos para dar, segundo sua própria ordem, continuidade à pregação do Evangelho da Paz como executores da Grande Comissão (embora apenas 11 estivessem presentes por ocasião dessa ordenança):
“Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.”
A necessidade de um substituto para o Ministério é algo incontestável. Não há como darmos prosseguimento às ordenanças do Mestre sem termos em mente que, mais cedo ou mais tarde, teremos de ser substituídos. Infelizmente essa realidade tem sido desprezada por muitos líderes, pastores, evangelistas e até por alguns missionários no campo (os mais vulneráveis à substituição).
Há líderes que não apenas se julgam “vitalícios” – o que não seria nenhum problema, se verdadeiramente estivessem dispostos a dar suas vidas por amor ao evangelho – mas “insubstituíveis”, como se o resultado pelo trabalho executado ao longo de anos tivesse de ser sepultado juntamente com eles, sem que ninguém mais pudesse aperfeiçoar, dar crescimento ou desfrutar desse trabalho.
Ainda ouço ecoar as palavras do apóstolo Paulo aos Coríntios:
“Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.” (1Co 3:4-8).
Um exemplo clássico de um substituto para a Liderança ou para o Ministério no antigo testamento é o de Josué em relação a Moisés.
Segundo as Escrituras, Josué era um dos chefes dos exércitos de Israel (certamente havia sido um valente soldado), tendo se destacado na batalha contra os amalequitas após a saída do povo do Egito (Ex. 24:12-13; 33:11), o que lhe conferiu o título de Auxiliar de Moisés, a quem passou a acompanhar de perto em toda a sua trajetória – principalmente nos momentos mais difíceis da sua vida. Como “braço direito” do grande líder hebreu, Josué esteve com Moisés na entrega do Decálogo; ajudou na construção do tabernáculo; foi recrutado como príncipe da tribo de Efraim para espiar as terras de Canaã; confortou o coração de Moisés e de Arão, quando o relato de 10 espias desfaleceram o coração do povo; foi com Calebe os únicos de sua geração a entrar na Terra Prometida (Nm 13:8, 16; 14:6-9, 30) etc.
A Bíblia nos relata que o próprio Deus foi quem designou Josué como sucessor, ou substituto, para Moisés. Certamente que seus valores morais, seu temor a Deus, sua disposição, sua fidelidade, sua bravura e coragem pesaram no momento da escolha. Mas, imagino que nada disso teria sido possível – pelo menos não do ponto de vista de uma transição tão ordeira e festiva –, se em sua mente e coração Moisés não estivesse preparado para ser substituido (Dt 31:1-8). Ao fim, Moisés abençoa seu substituto impondo-lhe as mãos sobre cabeça para que o espírito de sabedoria repousasse na vida daquele que haveria de conduzir o povo dali em diante.
Lamentavelmente Josué não logrou o mesmo êxito em seu ministério, antes, chegando a sua velhice – conquanto estivesse determinado a servir ao Senhor juntamente com sua casa –, deixou a cargo do povo decidir seu próprio destino. Não havia um substituto para o ministério de Josué, de tal forma que, o povo de Israel serviu ao Senhor apenas “nos dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué” (Jz 2:7). O texto Sagrado segue dizendo que morto Josué e sepultada toda aquela geração com seus pais, a geração que se levantou após eles não conhecia ao Senhor, tampouco a obra que Ele fizera a Israel, de sorte que fizeram tudo o que era mau aos olhos do Senhor, deixando o caminho do Deus de seus pais.
As coisas que vemos acontecer em nossos dias, tais como as “visões apoteóticas” – que nem se podem chamar de apocalípticas – de pseudos apóstolos cujos títulos ostentados se sobrepõem (e se opõe) até mesmo à autoridade da Palavra de Deus (ver “Bomba: mais uma visão apostólica”, no Blog do Pr. Ciro Zibordi) são, com toda certeza, o resultado do descaso ou das infames disputas pela sucessão do poder eclesiástico na Igreja, e não propriamente de uma preocupação com a formação de um (ou de vários) substitutos para o Ministério da Palavra – salvo raras exceções.
O apóstolo Paulo – sem sombra de dúvidas o mais proeminente dos missionários e detentor de um verdadeiro ministério Apostólico (Rm 1:1; 11:13; 1Co 9:1-2; 15:9-11; 2Co 1:1; 11:5; Gl 1:1; Ef 1:1; Cl 1:1; 1Tm 1:1; 2Tm 1:1) – durante toda sua trajetória preocupou-se em constituir obreiros substitutos para o seu santo ministério, tendo para tanto levado consigo aqueles que estavam verdadeiramente comprometidos com a obra de Deus, os quais não apenas desfrutaram das glórias daquele apóstolo, como com ele sofreram as agruras e aflições de uma vida dedicada ao ministérios da Palavra, a saber, da pregação do Evangelho de Cristo entre os gentios.
Poderíamos enumerar uma dezena de homens e mulheres a quem Paulo preparou para substituí-lo com tanta ou mais eficácia na Obra do Senhor, mas isso demandaria algumas dezenas de páginas extras; portanto vamos nos ater ao jovem Timóteo.
Filho de um varão grego das regiões da Galácia e de mãe judia, Timóteo fora instruído por sua avó Lóide e sua mãe Eunice acerca das leis judaicas, embora não fosse um judeu praticante (At 16:1-3; 2Tm 1:5). Não se sabe exatamente quem foi o grande responsável por levá-lo aos pés de Cristo (à Salvação), mas certo é que Paulo ao chegar à cidade de Listra encontrou ali um jovem cristão o qual gozava de boa reputação e bom testemunho entre os irmãos, razão pela qual insistiu que o seguisse em suas viagens.
Vemos em Timóteo um verdadeiro substituto para o Ministério Apostólico de Paulo. Após havê-lo constituído evangelista entre os gentios Paulo parece incumbi-lo da tarefa de instruir a Igreja greco-judaica acerca do Evangelho de Cristo e dos perigos que o rondavam. Passados alguns anos, a despeito de sua juventude, Timóteo já gozava do status de Mestre, mesmo entre nobres anciãos, o que pode ter sido um fator de intimidação (timidez) para o jovem pregador. Por esta razão, Paulo o exorta a persistir firme em sua posição:
“Manda estas coisas e ensina-as. Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (1Tm 4:11-16).
A preocupação de Paulo com o ministério de Timóteo fica ainda mais evidente em sua segunda epístola pela forma incisiva com que o “velho apóstolo” aborda alguns temas, os quais mais se aproximam de instruções de despedida ao amado filho e aluno a quem gerou em suas aflições: “não te envergonhes” (1:8) ; “conserva o modelo” (1:13); “guarda o bom depósito” (1:14); “fortifica-te na graça” (2:1); “sofre comigo” (2:3); “procura apresentar-te a Deus aprovado” (2:15); “permanece naquilo que aprendeste (3:14).
O apelo do último capítulo nos deixa ainda mais seguro desse entendimento:
“Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” (2Tm 4:1-8)
Rogo ao Senhor que conceda aos nossos pastores e líderes graça, entendimento, humildade, cuidado, zelo e amor pela Sua Obra e pelo Ministério confiado em suas mãos, a fim de que não permitam que a inveja, o orgulho, o descaso, o vanglória, o egocentrismo e outros sentimentos contrários à Palavra de Deus lhes subam ao coração, mas que estejam sempre dispostos a preparar e apresentar um SUBSTITUTO PARA O MINISTÉRIO.
Que o Senhor a todos abençoe.
Prossigo para o Alvo... Fp. 3:14
Rádio Rhema Online
quinta-feira, 9 de abril de 2009
UM SUBSTITUTO PARA O MINISTÉRIO
Postado por ROBSON SILVA às 18:29
Marcadores: APÓSTOLOS, MINISTÉRIO, PAULO, SUBSTITUTO
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4 comentários:
Caro amigo e irmão em Cristo Robson Silva,
A Paz do Senhor!
Concordo plenamente em gênero, número e grau com a sua reflexão sôbre o assunto sucessão.
Toda essa onda de estranhas denominações, pastores, bispos e apóstolos, alguns até que se auto consagraram, é motivada principalmente por essa falta de preparação ministerial.
O SBT - Sistema Brasileiro de Televisão, começou hoje uma séria de reportagens sôbre a abertura de igrejas de conveniência, ou seja, ao gosto do "freguês" ou do "cliente".
Façamos coro em oração, para que o Senhor tenha misericórdia de nós e dê uma saída para a Igreja Evangélica, Evangélica, mormente a brasileira.
Parabéns pelo equilíbrio e lucidez do artigo.
Um grande abraço!
Pr. Carlos Roberto
Caro Pr. Carlos,
Louvo a Deus por ter sido criado e instruído nos caminhos e no temor do Senhor ainda em uma igreja equilibrada e dirigida por crentes também equilibrados.
Espero em Deus poder contribuir (e retribuir) para a edificação de uma Igreja sadia e eficaz em seu papel evangelizador no século XXI... até a volta de nosso Senhor... Para a Glória do Seu nome!
Robson Silva
A Paz do Senhor Alessandro...
Já visitei o vosso Blog...
Deus o abençoe!
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