Esta manhã enquanto falava ao telefone com um jovem irmão em Cristo ouvi dele uma frase que me chamou a atenção. Disse-me ele:
“Mas o quadro que me pintaram da situação e do irmão não era esse...” E seguiu-se o diálogo.
Aquelas palavras soaram tão forte aos meus ouvidos que fui forçado a alongar-me com o amigo por mais de 30 minutos ao telefone, discorrendo sobre o assunto em TELA na tentativa de desfazer, ou apagar a imagem a ele apresentada. Difícil!
Lembrei-me imediatamente das palavras de Tiago acerca do ouvinte esquecido: “que depois de se contemplar a si mesmo, vai-se e logo se esquece de como era." (Tg 1:24).
Disse então ao irmão: “Tente fechar os olhos por um minuto e descrever, ainda que em poucas palavras, com o máximo de detalhes possível minhas características físicas - quem e como eu sou - à medida que minha imagem lhe for vindo à memória. Difícil, não?” E seguiu-se o diálogo.
Na verdade é praticamente impossível descrevermos ou nos lembrarmos dos detalhes de uma imagem mesmo após alguns segundos de desvio dos nossos olhos, isso devido à limitação da nossa capacidade mental de recordar e reproduzir imagens, sons, ou quaisquer outras informações transportadas para nossos cérebros, a despeito de tê-las armazenada. O leitor se lembra do que comeu ontem, ou a que horas? Quantas e quais foram as suas últimas refeições? Difícil, não?!
Assim também são os quadros pintados. Por mais que se esforce, o artista só será capaz de reproduzir com o máximo de veracidade e riqueza de detalhes a imagem posta a sua frente: uma paisagem, um nu artístico (?), um auto-retrato (à frente do espelho), por exemplo. Ainda assim haverá distorções.
Notem que os mais renomados e célebres pintores de todos os tempos criaram obras de arte cujas distorções da realidade foram tidas como que uma marca registrada: Van Gogh (com seus longos e sucessivos traços), Botero (com seus belos e gordos personagens), Picasso (com seus geométricos traços incongruentes), dentre outros.
A marca ou assinatura de suas artes estava justamente na capacidade de projetarem, a partir do “torto”, suas diferentes formas de ver o mundo real. Até a Mona Lisa de DaVinci tornou-se tema de discussão entre os especialistas. Seria aquela a imagem da esposa de um amigo com quem tivera um caso e que para ele posara ou um auto-retrato pintado a partir de uma visão distorcida do próprio artista com relação a sua sexualidade? Enfim!
Mas o que quero dizer com tudo isso?
Quero chamar-vos à atenção para o fato de muitas vezes nos atermos às informações que nos são passadas a respeito de um evento ou de alguém em particular, a partir das quais pintamos nossos próprios quadros; formamos as nossas próprias opiniões, e por fim damos o nosso próprio veredicto.
Outras vezes “compramos” os quadros pintados por terceiros e sem qualquer questionamento, avaliação ou autorização do modelo, expomo-los às vistas de outros, não obstante o mal estar que a gravura possa causar ou o dano que possa provocar.
Quando assim fazemos, proposital ou ingenuamente, nos tornamos cúmplices do pintor, associando-nos às suas idéias, à sua forma de ver o mundo, à sua realidade em particular, tudo segundo a ótica do artista.
Poucos e raros são os que se propõem a desconstruir a visão distorcida ou apresentarem um novo quadro, um novo panorama a respeito do tema ou da pessoa retratada que não seja aquela que se vê na arte do pintor.
A bem da verdade, ainda que o façam, não poderão de todo descreverem com maestria e com propriedade a verdadeira imagem por trás da TELA, se não o fizerem à vista daquilo ou daquele a quem se pretende retratar.
Costumava dizer um amigo pastor em sua simplicidade: “As ausências são atrevidas”. E de fato são. Pois no mundo em que vivemos é muito “fácil” para alguém traçar um panorama daquilo que não viu, daquele a quem não ouviu, ou de quem jamais conheceu e depois eximir-se de culpa pela sua ignorância. Difícil é fazê-lo pessoalmente.
Então disse eu ao amigo do primeiro parágrafo: “Olhar alguém nos olhos e descrevê-lo em todas as suas características, a partir de elementos palpáveis, inteligíveis, visíveis, audíveis etc. talvez seja – e certamente o é – a forma mais apropriada, justa e fiel e se retratar alguém.”
Deixar-se levar pelo que o outro disse, ou deslumbra-se com o quadro que o outro pintou é um ERRO do qual devemos nos desviar com a máxima urgência. Mui especialmente os que abraçaram a FÉ.
Quiçá pudéssemos falar sempre olho no olho com nossos desafetos (se é que ao crente é permitido tê-los) como falamos com nossos amigos. Como falamos com nossos filhos. Como falamos com nossas esposas (os) ou com aquela (e) de quem nos enamoramos. Dizer-lhes face a face: “como são belos os teus olhos!” ou “como é torto o teu nariz!”, conquanto fossemos verdadeiros! Fossemos sinceros!
Aprendemos desde muito cedo, ainda engatinhando na FÉ, que não devemos crer ou aceitar a figura do Cristo dos quadros pintados; mas aceitamos a imagem reproduzida de nossos irmãos na FÉ, a partir da visão distorcida de alguns pintores de plantão, esquecendo-nos de que aqueles são a figura de Cristo, feito à imagem e semelhança do Todo-poderoso.
Que o Senhor tenha misericórdia de nós, e que vivamos de forma que o mundo veja Cristo em nós e que possamos ver Cristo em nossos irmãos.
No amor do ETERNO,
Prossigo para o Alvo... Fp. 3:14
Rádio Rhema Online
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
O QUADRO PINTADO...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário